Sou Hildisa, 42 anos, casada, com 2 filhos, e tive câncer de mama.
Ao me tocar, senti algo avolumado em meio seio e tratei de agendar um mastologista. Ao me examinar, o médico sentiu o nódulo e pediu que fizesse a ultrassonografia da mama. .
Ainda havia chance de não ser câncer, fiz punção e biópsia. Agilizei, tive uma postura de enfrentamento. Foram alguns dias de muita ansiedade e apreensão até receber o laudo da biopsia que foi inconclusivo. Meu médico então, entrou em contato com o médico que analisou a biopsia que falou, “eu acho que é”. Fiquei sem acreditar!
Fez-se necessário um outro exame chamado de imuno histoquímica para chegar ao diagnóstico, e ele veio em 30/07/2018.
Sim, eu estava com 40 anos, trabalhando e estudando ativamente. E pensei… sou jovem, fiz tudo tão certinho, amamentei, meus exames de prevenção estavam em dia, não tenho casos de câncer de mama na família em pessoas jovens e me perguntei, como pode isso?
A partir dali começou o meu milagre porque o diagnóstico é o nosso primeiro milagre e quanto mais precoce melhor, mais chances de cura. Me tocar e sentir algo errado no meu seio já foi um milagre.
Diferente da maioria das mulheres, eu acho que fiquei anestesiada naquele momento e não me desesperei, fiquei calma. Minha família sim, meu esposo caiu em choro, minha filha de 13 anos disse que não queria me perder (essa fala me marcou muito). Meu filho tão pequeno, não sabia o que estava acontecendo. Meus familiares e meu esposo estiveram sempre comigo, o apoio deles foi uma benção.
Fui encaminhada ao oncologista, que me perguntou se eu sabia que meu cabelo ia cair, respondi: “não me importa se meu cabelo vai cair, eu quero ficar curada”. Preferi me afastar do trabalho.
Iniciei meu tratamento colocando um cateter. Aos poucos, a minha ficha ia caindo e eu que parecia estar tão segura, tive medo com a proximidade da primeira quimioterapia. Ia aguentar? As pessoas falavam tanto da temida quimioterapia. Ia passar mal, como me sentiria? Ia usar lenço, peruca? O que ia dizer pro meu filho quando ficasse careca (disse que estava com piolho rsss). Dúvidas!
Entrei no mundo desconhecido. Percebi que não estava sozinha e que tinham mulheres tão jovens quanto eu que também estavam passando ou já tinham passado pelo tratamento.
Passei a fazer parte do grupo de apoio chamado Pérolas Rosa e conhecer essas mulheres, suas experiências e contar com seu apoio foi fundamental para trilhar esse caminho.
Fiquei nervosa na primeira quimio e foi tudo bem, nada do outro mundo!
Após 15 dias da primeira quimio, meu cabelo já começava a cair e o meu couro cabeludo ficou dolorido, quando percebi que precisava tomar uma atitude.
Assim, pedi a minha mãe pra cortar meu cabelo bem curtinho. Mas o cabelo continuava a cair e não me agradava ver isso acontecendo aos poucos. Foi quando decidi realmente raspar minha cabeça e tratei logo de providenciar alguns lenços e turbantes (por sinal bem bonitos). Brincava com meu filho de meditação com o turbante. Mas optei mesmo pela peruca, que se parecia com o meu cabelo e ela foi minha aliada nesse momento.
Realizei quimioterapia venosa, mastectomia, esvaziei a axila, fiz radioterapia e quimio oral. Voltei a trabalhar. Aos poucos ia retomando a minha vida e isso me dava muita satisfação, é como se tivesse tendo uma nova oportunidade.
Se você também está passando por isso, não se assuste tanto e me permita te passar algumas dicas:
Escolha uma equipe médica na qual confie, se sinta segura e acolhida (eles serão anjos e inspirados por Deus para te dar a cura);
Viva esse momento com esperança e espiritualidade, faz toda a diferença! Aproveite este tempo para viver mais intensamente a sua fé;
Procure integrar-se aos grupos de apoio, não caminhe sozinha, pois você não está;
Agradeça pelo tratamento, nele está a sua cura, pense nele como um remédio que as vezes não tem um gosto bom, mas que é eficaz e vai fazer você ficar curada! Peça por novas e eficazes descobertas;
Seja forte, mas se cair, não tem problema, porque terão pessoas que irão te ajudar a levantar;
Quimioterapia não é um bicho de 7 cabeças como se imagina, é uma medicação mais forte que possui alguns efeitos colaterais (mas acredite, tem pessoas que não tem grandes reações, eu não tive);
Não deixe de fazer o que você faria se não estivesse em tratamento: ir ao dia das mães no colégio do seu filho, assistir a peça de teatro da sua filha, comemorar o aniversário deles e o seu, frequentar a igreja, fazer atividade física (sim, é possível e eu fiz).
Quando olho pra trás, penso que passei bem por esse momento, vivi os momentos que tive que viver, as dores, alegrias, medos, enfrentamentos, fé. Fui corajosa, mantive a esperança, fui amada, conheci tantos anjos, pessoas de bom coração que pediam por mim sem nem me conhecer. E o que aprendi com tudo isso?
Que na vida, fazemos tempestades em copo d´água, transformando pequenos problemas em grandes;
Ter gratidão, por ter mais uma oportunidade de vida e poder criar meus filhos (é o que mais pedia!)
Valorizar as pequenas coisas, o que é simples, os pequenos prazeres. Ex. sentir uma felicidade imensa por sua sobrancelha e seu cabelo voltar a crescer de novo.
Acredite e creia! Não é da boca pra fora, tudo vai passar! Para mim passou e vai passar pra você também! Seja guerreira, pois tudo que nos acontece, de alguma forma nos favorece!
Te desejo muita saúde!