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    Desde o início da pandemia vários pacientes sofreram em maior ou menor grau algum tipo de modificação nas suas condutas, sejam elas preventivas, diagnósticas ou terapêuticas. Este é um caráter democrático da pandemia: afeta a todos, no mundo inteiro.

    Artigo publicado no jornal inglês The Guardian alerta que a crise do Coronavirus pode levar a 18.000 mortes adicionais devido ao câncer no próximo ano no Reino Unido, devido ao atraso nos tratamentos e consultas.

    Quando o mundo se deu conta que o problema era muito maior do que o inicialmente pensado (não era mais uma gripe que afetava somente a população asiática), logo após a Itália se tornar o epicentro Europeu, com imagens e relatos assustadores, várias Sociedades Científicas Internacionais lançaram Recomendações sobre como manejar pacientes com certos tipos de doença, em especial aqueles pacientes com doenças potencialmente letais, como o câncer.

    Consultas e cirurgias eletivas (não urgentes) foram suspensas no mundo todo. Casos relacionados à câncer foram manejados individualmente, de acordo com tipo de tumor, gravidade e opções de tratamento.
    Exames de rastreamento (realizados em pessoas assintomáticas com objetivo de detectar precocemente a doença ou de averiguar se já disseminou pelo corpo em caso de diagnóstico de câncer) foram cancelados ou postergados, com sugestão de serem retomados após a pandemia.

    A intenção destas ações é conhecida de todos: “achatar” a curva de contaminados para preparar os insumos (leitos, respiradores) hospitalares para os doentes graves. Como não há medicação comprovadamente efetiva, nem vacina a curto prazo, a única alternativa é preparar-se para as possíveis internações. A forma mais efetiva de achatar a curva é o distanciamento social. Mantendo as pessoas em casa eu diminuo a possibilidade de contágio.

    Este distanciamento ou isolamento social atrapalhou o tratamento de muitas pessoas ao redor do mundo, com consequências que só serão conhecidas futuramente.

    O que não podemos esquecer, é que as pacientes em tratamento de câncer muitas vezes não podem esperar o final da pandemia (que ninguém sabe ao certo quando será).

    As recomendações internacionais são unânimes em advertir que os pacientes não devem abandonar seus tratamentos oncológicos, sob pena de afetar a eficácia dos mesmos.

    Vários hospitais estão se preparando para retomar suas cirurgias eletivas, propiciando ambientes mais seguros e graus variados de prevenção à contaminação.

    Em relação aos exames de rastreamento, em especial à mamografia, no caso do câncer de mama, ainda não há sugestão de retorno à realização dos exames. Não saberemos como isto afetará nossas pacientes no futuro.
    Recente revisão publicada na revista científica Cancers estima que a realização de mamografia de rastreamento diminuiria a mortalidade de câncer de mama em até 33%.

    Recente texto no Medscape Oncology chama atenção para este tópico: “As restrições
    ocasionadas pelo Coronavirus levarão a um maior número de casos avançados de câncer?”

    Não há como estimar corretamente se haverá ou qual será a magnitude de prejuízo em relação ao prognóstico de câncer de mama pelo atraso no diagnóstico precoce. Devemos seguir as recomendações de nossas Sociedades Científicas e avaliar a situação da pandemia em cada região, estado e cidade, a fim de minimizar eventuais prejuízos futuros, ponderando com a recomendação ainda vigente de distanciamento social.

    Autores:

    Portal Câncer de Mama Brasil

    Dr. Eduardo Millen • Rio de Janeiro/RJ – CRM-RJ: 5263960-5
    Dr. Felipe Zerwes • Porto Alegre/RS – CRM-RS: 19.262
    Dr. Francisco Pimentel Cavalcante • Fortaleza/CE – CRM-CE: 7.765
    Dr. Guilherme Novita • São Paulo/SP – CRM-SP: 97.408
    Dr. Hélio Rubens de Oliveira Filho • Curitiba/PR – CRM-PR: 20.748
    Dr. João Henrique Penna Reis • Belo Horizonte/MG – CRM-MG: 24.791

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