Estudo apresentado em Simpósio Americano avaliou a utilização de uma menor dosagem de um conhecido medicamento que previne o câncer de mama, com intuito de reduzir seus efeitos colaterais e ampliar o seu uso.
O tamoxifeno é uma medicação conhecida há várias décadas, utilizada para o tratamento de pacientes com câncer de mama que apresentam receptores de hormônios positivos. Além de muito eficaz no tratamento da doença, ele já comprovou sua eficácia em diminuir o aparecimento de câncer nas pacientes com risco aumentado.
O problema é que, na dosagem normalmente utilizada (20mg por dia), ele pode causar uma série de efeitos indesejáveis.
O mais comum é o aparecimento ou aumento dos fogachos (“calorões” da menopausa), mas também pode aumentar o risco de doenças sérias, como câncer de endométrio (útero), tromboses e embolia. Catarata e doenças hepáticas também já foram evidenciadas como complicações. Devido a estes para-efeitos, sua ampla utilização em mulheres de risco aumentado tem sido bastante restrita.
Pensando nesta subutilização de um medicamento de comprovada eficácia, um grupo Italiano realizou um estudo comparando uma dose de 5mg ao dia (01 comprimido de 10 mg em dias alternados) com um placebo (comprimido sem propriedades farmacológicas) em mulheres com risco aumentado para desenvolver câncer de mama evidenciado por biópsias prévias (hiperplasia ductal atípica e carcinoma lobular in situ) e em quem já apresentou carcinoma ductal in situ (doença não invasora) com receptores de hormônios positivos ou desconhecidos.
Os estudos anteriores haviam utilizado a medicação por 5 anos. No estudo italiano, o Tamoxifeno foi administrado por 3 anos somente.
O efeito do tratamento com 5mg/dia na redução de aparecimento de câncer de mama foi similar ao observado nos estudos mais antigos com 20 mg/dia, com efeitos colaterais 2,5 x menores.
Não houve uma comparação direta de eficácia de 20mg/dia por 5 anos com 5mg/dia por 3 anos, portanto não se pode afirmar que as duas dosagens e esquemas de duração tenham o mesmo efeito. As pacientes incluídas nos estudos são de décadas e, provavelmente, de características clínicas diferentes (o estudo italiano ainda não foi publicado em revista científica, apenas apresentado no Simpósio de San Antonio, no Texas, em dezembro de 2018).
O novo esquema de tratamento pode ser uma opção a ser discutida com o médico naquelas pacientes cujos efeitos colaterais impossibilitem o uso da medicação.
O ideal seria aguardar pela publicação do estudo antes de qualquer troca de dosagem e/ou de duração, mas a informação traz esperança que em um futuro próximo consigamos melhorar a prevenção do câncer, com menores efeitos colaterais.
- Dr. Felipe Zerwes > Porto Alegre/RS – CRM-RS: 19.262
- Dr. Eduardo Millen > Rio de Janeiro/RJ – CRM-RJ: 5263960-5
- Dr. Francisco Pimentel Cavalcante > Fortaleza/CE – CRM-CE: 7.765
- Dr. Guilherme Novita > São Paulo/SP – CRM-SP: 97.408
- Dr. Hélio Rubens de Oliveira Filho > Curitiba/PR – CRM-PR: 20.748
- Dr. João Henrique Penna Reis > Belo Horizonte/MG – CRM-MG: 24.791