Uma dúvida muito comum é: Qual a melhor biópsia para as distorções arquiteturais?
O que é uma distorção arquitetural?
Quando utilizamos o termo distorção arquitetural, normalmente nos referimos a um achado visualizado no exame de mamografia que é definido como finas espiculações ou linhas que irradiam de um ponto, que costuma ser comum após procedimentos cirúrgicos ou mesmo traumas da mama, porém, na ausência de história de trauma de cirurgia, é uma alteração preocupante que justifica uma biópsia.
Distorções arquiteturais podem indicar a presença de câncer de mama?
O achado de distorção arquitetural é a terceira forma mais frequente do câncer aparecer na mamografia. No entanto, a distorção arquitetural também pode ser devido a causas não malignas, incluindo cicatrizes pós-procedimento, cicatriz radial/lesão esclerosante complexa, adenose esclerosante, necrose gordurosa, alterações fibrocísticas e outras.
Com a implementação e uso mais frequente da tomossíntese mamária digital (DBT), conhecida como mamografia 3D, que minimiza o efeito do tecido mamário sobreposto em comparação com a mamografia digital convencional, tivemos um aumento na detecção deste tipo de lesão. Embora a distorção arquitetural detectada por DBT seja menos provável de ser uma manifestação de câncer do que a distorção detectada por mamografia digital convencional, o risco de malignidade associado é suficientemente alto para que a biópsia seja indicada.
Qual o tipo de biópsia devemos fazer distorções arquiteturais?
Durante muito tempo a resposta foi excisão cirúrgica, vista como única opção para o manejo da distorção arquitetural, mas estudos recentes mostram que a biópsia por excisão à vácuo pode ser uma alternativa segura no manuseio destas lesões. O secundo Consenso Internacional sobre o manejo deste tipo de lesão, em 2018, e outros trabalhos mais recentes, indicam que o acompanhamento é possível e seguro, nos casos em que o resultado da biópsia à vácuo foi de cicatriz radial ou de outras patologias benignas sem atipia. Alguns estudos também ressaltam que o uso de ressonância magnética pode corroborar com o seguimento nos casos em que o exame não mostra alterações na área da distorção. No entanto, quando o resultado da biópsia na área de distorção arquitetural demostra a presença de células atípicas (por exemplo, cicatriz radial com atipia, hiperplasia ductal atípica) a cirurgia ainda é o padrão ouro e a remoção cirúrgica da lesão deve ser feita as altas taxas de associação com câncer.
Referências
Camacho JV, Bahl M. Management of Architectural Distortion on Digital Breast Tomosynthesis With Nonmalignant Pathology at Biopsy. AJR Am J Roentgenol. 2022 Feb 2. doi: 10.2214/AJR.21.27161. Epub ahead of print. PMID: 35107312.
Ambinder EB, Plotkin A, Euhus D, Mullen LA, Oluyemi E, Di Carlo P, Philip M, Panigrahi B, Cimino-Mathews A, Myers KS. Tomosynthesis-Guided Vacuum-Assisted Breast Biopsy of Architectural Distortion Without a Sonographic Correlate: A Retrospective Review. AJR Am J Roentgenol. 2021 Oct;217(4):845-854. doi: 10.2214/AJR.20.24740. Epub 2020 Nov 4. PMID: 33147055.
Choudhery S, Johnson MP, Larson NB, Anderson T. Malignant Outcomes of Architectural Distortion on Tomosynthesis: A Systematic Review and Meta-Analysis. AJR Am J Roentgenol. 2021 Aug;217(2):295-303. doi: 10.2214/AJR.20.23935. Epub 2020 Sep 23. PMID: 32966111.
Rageth CJ, O’Flynn EAM, Pinker K, Kubik-Huch RA, Mundinger A, Decker T, Tausch C, Dammann F, Baltzer PA, Fallenberg EM, Foschini MP, Dellas S, Knauer M, Malhaire C, Sonnenschein M, Boos A, Morris E, Varga Z. Second International Consensus Conference on lesions of uncertain malignant potential in the breast (B3 lesions).
Breast Cancer Res Treat. 2019 Apr;174(2):279-296. doi: 10.1007/s10549-018-05071-1. Epub 2018 Nov 30. Erratum in: Breast Cancer Res Treat. 2019 Jul;176(2):481-482. PMID: 30506111; PMCID: PMC6538569.
Ferre R, Kuzmiak CM. Meta-analysis: Architectural distortion and breast MRI. Breast Dis. 2022;41(1):205-214. doi: 10.3233/BD-210045. PMID: 35094984.
—
Texto escrito por:
Dr. Eduardo Carvalho Pessoa
Mastologista
Professor da Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP