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    Uma das formas do organismo se defender contra o desenvolvimento e evolução do câncer é ativar células do sistema imunológico (em especial as células T) para destruirem as células tumorais através de substâncias chamadas citocinas.

    Algumas células tumorais conseguem inibir essa atividade imunológica através da ligação de uma proteína PD-L1 a receptores chamados PD1 e evitando que a célula tumoral seja destruída e assim permitindo que a doença evolua.

    Um grande avanço recente na luta contra o câncer de mama foi o desenvolvimento de drogas que se ligam ao PDL1 e desativam esse mecanismo de defesa tumoral liberando o sistema imunológico (células T) para destruir as células tumorais e assim combater o desenvolvimento da doença. Isso se mostra particularmente importante para os tumores triplo negativos, um dos tipos mais agressivos que geralmente tem um crescimento e progressão mais acelerados. Esse subtipo de câncer de mama não tinha uma droga específica (droga alvo) como os demais subtipos. Ele representa 15% dos tumores mamários e tende a ocorrer em mulheres mais jovens (antes do 50 anos).

    Um importante estudo publicado em 2018 chamado Impassion130, demonstrou a eficácia da droga atezolizumab em tratar tumores triplo negativos quando esses se apresentavam já em fase avançada ou na presença de metastases em outros órgãos.

    Agora em junho de 2020 a farmacêutica suíça Roche fez um comunicado à imprensa antecipando o resultado de um novo estudo ainda não publicado, denominado Impassion031. Esse ensaio clínico também demonstrou a eficácia dessa droga quando administrada junto com a quimioterapia nab-paclitaxel, para tumores triplo negativos iniciais. Neste caso as pacientes receberam a medicação antes da cirurgia, o que chamamos de quimioterapia neoadjuvante.

    O estudo demonstrou que o acréscimo do atezolizumab à quimioterapia antes da cirurgia aumentou a taxa do desaparecimento dos tumores na mama, denominada de taxa de resposta patológica completa (RPC).

    Inicialmente se acreditava que apenas tumores triplo negativos que demonstravam expressão da proteína PD-L1 poderiam se beneficiar dessa nova droga. Outra boa novidade do estudo Impassion031 é que a medicação foi eficaz independente da presença da proteína PD-L1. No estudo, poucas pacientes tratadas com o atezolizumab persistiam com alguma evidência do tumor após o tratamento. A maior parte teve o câncer na mama totalmente eliminado pela droga (RPC). A administração precoce desse anticorpo representa uma nova esperança para o tratamento das mulheres com tumores triplo negativos. O resultado deve ser brevemente publicado e irá apressar a aprovação da indicação dessa medicação para tumores iniciais nas agências reguladoras nacionais.


    Autores:

    Portal Câncer de Mama Brasil

    Dr. Eduardo Millen • Rio de Janeiro/RJ – CRM-RJ: 5263960-5
    Dr. Felipe Zerwes • Porto Alegre/RS – CRM-RS: 19.262
    Dr. Francisco Pimentel Cavalcante • Fortaleza/CE – CRM-CE: 7.765
    Dr. Guilherme Novita • São Paulo/SP – CRM-SP: 97.408
    Dr. Hélio Rubens de Oliveira Filho • Curitiba/PR – CRM-PR: 20.748
    Dr. João Henrique Penna Reis • Belo Horizonte/MG – CRM-MG: 24.791

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