Você fez seu exame de mamografia e no seu resultado veio nódulo mamário? Calma! Não é o fim do mundo, não é super preocupante e não necessariamente é câncer!
Definição: Um nódulo mamário é uma lesão que se desenvolve no tecido mamário e ocupa espaço, na linguagem popular, é uma bola, que pode ser constituída de líquido (cisto) ou ser sólida, pode variar de tamanho, ser palpável ou não e na grande maioria dos casos são benignos.
Causas mais comuns:
- Fibroadenoma: são as lesões benignas sólidas mais frequentes. Ocorre em cerca de 30% das mulheres, geralmente no período da puberdade, são bilaterais em 10% dos casos e são múltiplos em 10-15% dos casos. Podem alterar o tamanho conforme a fase do ciclo menstrual, geralmente aumentam na gestação e amamentação, e diminuem na menopausa.
- Cistos: são as lesões benignas mais comuns das mamas, variam de acordo com ciclo menstrual e podem ser dolorosos.
- Neoplasias malignas: são bastante raras em mulheres abaixo dos 30 anos e a incidência aumenta proporcionalmente à idade. Fatores associados no exame físico que aumentam a suspeição incluem alteração na pele e saída de líquido pelo mamilo.
Como são classificados:
De acordo com a classificação adotada mundialmente do Colégio Americano de Radiologia (ACR), o nódulo será classificado de acordo com a probabilidade de malignidade.
O nódulo pode ser benigno (ACR BI-RADS 2), provavelmente benigno, com risco menor que 2% de malignidade (ACR BI-RADS 3), suspeito (ACR- BIRADS 4), muito suspeito (ACR BI-RADS 5) ou ainda ter o diagnóstico de câncer estabelecido (ACR BI-RADS 6).
Nódulos provavelmente benignos podem ser acompanhados em intervalo curto e sua estabilidade por 2 ou 3 anos confere benignidade mesmo sem biópsia.
Caso o nódulo seja considerado suspeito, a biópsia deve ser considerada a fim de evitar, com segurança, uma cirurgia desnecessária.
Quando classificado como ACR BI-RADS 0 é porque necessita de complementação de imagens ou a comparação com exames anteriores para conclusão final e por isso é uma categoria considerada de transição.
Dicas para ter o melhor resultado de mamografia
No momento da realização de qualquer exame das mamas é de suma importância levar todos os seus exames anteriores relacionados à mama (filmes e laudos), pois cada exame tem seus pontos fortes e fracos de análise, todos se complementam e contam uma história de surgimento, estabilidade, biópsia ou tratamento.
Existe uma ordem certa para realizar os exames, sendo a mamografia o método consagrado para o rastreamento do câncer de mama.
A ultrassonografia comumente é utilizada para tirar dúvidas de algum achado da mamografia ou ressonância magnética, por isso as imagens desses exames são necessárias, que servirão de guia para melhor entendimento do caso. Ela também pode ser realizada como complemento no rastreamento e como exame inicial de alterações palpáveis em gestantes e pacientes com idade menor que 30 anos.
É importante também informar para técnica ou enfermeira se há alteração palpável. Ela colocará um marcador na sua pele para chamar a atenção deste local no momento da leitura do exame.
A informação do sexo ao nascimento também é importante na categorização do nódulo mamário, pois atualmente, todo paciente nascido do sexo masculino com nódulo sólido que não seja categorizado como tipicamente benigno, deve ser submetido a biópsia, diferente das pacientes nascidas do sexo feminino e isso independe da sua identidade de gênero.
Avaliação pela mamografia
A correta categorização do nódulo depende de vários fatores, como densidade, forma, contorno e achados associados de imagem e inclui dados pessoais como sexo ao nascimento, dados clínicos, histórico das imagens (estabilidade ou surgimento da lesão) e a correlação entre exames.
A avaliação da forma e contorno na mamografia convencional necessita de um estudo completo da lesão, com imagens adicionais além daquelas quatro iniciais realizadas nos exames de rotina, por isso, não se preocupe se você foi convocada para realizar outras incidências! Precisamos documentar e avaliar com cuidado as características do nódulo para definir a melhor forma de conduzir o seu caso com segurança.
Caso tenha realizado a mamografia com tomossíntese, na grande maioria dos casos, não será necessária a realização de outras incidências, porque os múltiplos cortes seriados permitem uma melhor definição da lesão.
Em alguns casos, apenas com a mamografia podemos afirmar que o nódulo é benigno, como por exemplo nos casos de lipomas (nódulos de gordura) ou fibroadenomas calcificados (fibroadenomas em involução)
Em geral, além de incidências mamográficas adicionais para melhor caracterização do nódulo, a ultrassonografia é utilizada depois da mamografia como ferramenta adicional para definir sua natureza sólida ou cística e analisar os mesmos critérios de forma, contorno e outras características próprias da ultrassonografia.
Mensagem final
A mamografia é o melhor método disponível atualmente para diagnóstico precoce do câncer de mama. O aparecimento de um nódulo não significa que você necessariamente tem câncer, pelo contrário, em sua grande maioria corresponde a alterações benignas, entretanto, a investigação completa é primordial.
Realize seus exames e consulte o médico regularmente.
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Texto escrito por:
Dra. Érica Endo
Médica radiologista especialista nos diagnósticos das doenças mamárias
Doutora em ciências INRAD HCFMUSP
Médica assistente INRAD HCFMUSP / ICESP e INCA
Atendimento: Clinica Daibes Diagnósticos (RJ), Clínica Dela (SP) e Grupo Fleury (SP).