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    A radioterapia é parte complementar da preservação da mama: este tratamento reduz significativamente as taxas de recidivas locais. Não irradiar a mama após cirurgia conservadora (quadrantectomia ou quadrante ou setorectomia) deve ser considerado uma exceção que, na atualidade, deixamos reservados para os casos selecionados de bom prognóstico (carcinoma intraductal de baixo grau ou pacientes idosas com tumores invasivos hormônio positivo inicial são exemplos).

    Mais recentemente, algumas técnicas de radioterapia parcial, e acelerada, surgiram como opção a radioterapia total no câncer de mama inicial. Sua vantagem principal seria uma aplicação única, ou poucas aplicações, evitando múltiplas visitas ao centro de radioterapia como acontece no tratamento fracionado tradicional.  Obviamente, trata-se de uma grande vantagem, especialmente para aquelas mulheres que residem em locais distantes dos centros oncológicos. Alguns estudos como o ELIOT, uma técnica de irradiação em dose única realizado em Milão, demonstraram similar sobrevida porém com elevadas taxas de recidivas locais.

    Os resultados do novo estudo TARGIT-A trial foram relatados na revista JAMA oncology. Dr. Jayant S. Vaidya e demais colegas, avaliaram uma técnica de radioterapia intraoperatória parcial comparando a radioterapia total padrão. Este novo procedimento não era realizado no momento da cirurgia: em um segundo momento, através de uma nova cirurgia, a radioterapia era realizada em dose única (delayed second-procedure target intraoperative radiotherapy). O estudo foi iniciado em 2004, com  1.153 pacientes em 9 países, incluindo mulheres com > 45 anos e carcinoma ductal invasivo mamário <3.5cm. O estudo não evidenciou diferenças em termos de sobrevida entre as 2 técnicas de radioterapia (total fracionada ou parcial acelerada). Por outro lado, a radioterapia total da mama teve menor taxa de recorrência local em 5 anos (1.05% versus 3.96% na parcial), com a diferença ultrapassando o limiar de  “não inferioridade” dos autores proposto previamente (2.5%).

    Esses dados novos vão ao encontro de estudos anteriores: em uma população selecionada, não houve impacto na sobrevida com um tratamento radioterápico “menor” (parcial) e mais rápido. Por outro lado, a recorrência é um fator relevante a ser avaliado, pois as pacientes tratadas com câncer de mama não desejam ter mais eventos (recorrências locais incluídas). Outro ponto relevante a ser citado é que as técnicas atuais de hipofracionamento (menor número de doses) na radioterapia total tradicional permitem um menor número de visitas ao centro oncológico.

    Em resumo, a radioterapia parcial pode ser uma opção em casos selecionados. Muitas mulheres podem ter grande dificuldade de permanecer algumas semanas próximas a um centro de radioterapia.  Uma discussão individualizada deve ser feita antes de decidir seu planejamento. Discuta com seus médicos a melhor opção para seu caso.

    Autores:

    Portal Câncer de Mama Brasil

    Dr. Eduardo Millen • Rio de Janeiro/RJ – CRM-RJ: 5263960-5
    Dr. Felipe Zerwes • Porto Alegre/RS – CRM-RS: 19.262
    Dr. Francisco Pimentel Cavalcante • Fortaleza/CE – CRM-CE: 7.765
    Dr. Guilherme Novita • São Paulo/SP – CRM-SP: 97.408
    Dr. Hélio Rubens de Oliveira Filho • Curitiba/PR – CRM-PR: 20.748
    Dr. João Henrique Penna Reis • Belo Horizonte/MG – CRM-MG: 24.791

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