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    O que é o câncer de mama metastático?

    O câncer de mama metastático é definido quando existem focos do câncer em outros órgãos do corpo humano. Os locais mais frequentes de metástase à distância do câncer de mama são os ossos, pulmões e fígado. Porém, as lesões podem ocorrer em qualquer órgão do corpo. O câncer de mama metastático não tem cura, mas consegue ser controlado. O avanço da medicina permite que muitas mulheres hoje consigam ter vida normal, apesar da doença e sem limite de vida.

    Nos casos de câncer de mama metastático não se fala em cura, mas sim em remissão. As pessoas nesta condição sempre terão a doença, que pode ficar adormecida (em remissão) e assintomática por tempo indeterminado. Apesar de incurável, o câncer de mama metastático não é necessariamente mortal. Quando os tratamentos conseguem controlar a doença, a paciente pode viver tranquilamente, com se tivesse uma doença crônica, tal como hipertensão ou diabetes.

    O carcinoma invasivo de mama é a forma mais comum de câncer de mama. Esta doença tem a capacidade de crescer, invadir tecidos ao redor e se espalhar pelo organismo. Quando existe algum foco da doença mamária fora da mama ou dos linfonodos axilares, chamamos o quadro de câncer de mama metastático.

    Os locais mais frequentes de metástase de carcinoma invasivo de tipo não especial (carcinoma ductal invasivo) são: ossos, pulmões, fígado e cérebro, nesta ordem.  Já no carcinoma lobular invasivo, os órgãos abdominais são o local de mais risco, seguido pelas demais, com exceção dos ossos.

    Importante ressaltar que o câncer de mama pode atingir linfonodos axilares, mas isso NÃO significa metástase a distância, portanto não quer dizer que a paciente tenha câncer de mama metastático. Isso também vale para células tumorais que circulam pelo organismo em quase todas as pessoas com câncer de mama.

    O câncer de mama metastático também é conhecido por câncer de mama estádio clínico IV (EC IV). Isso é baseado na classificação (estadiamento) dos cânceres de mama, que vai de I (tumor inicial) a IV (tumor metastático).

    Como detectar o câncer de mama metastático?

    As metástases a distância são inicialmente silenciosas e não causam nenhum sintoma. Porém, conforme a doença aumenta, o quadro torna-se perceptível e os sintomas dependem do local que está afetado. Existem inúmeras manifestações clínicas, mas as queixas mais frequentes são dor óssea localizada e persistente (metástase óssea), icterícia (metástase no fígado), sintomas respiratórios (metástase no pulmão) e dor de cabeça ou convulsões (metástase cerebral).

    Mas, estes sintomas são bastante comuns e muitas pessoas que não têm metástase podem ter tosse, dor de cabeça ou dores pelo corpo. 

    Existem exames que podem avaliar os principais órgãos do corpo, para avaliar a presença ou não de metástase:

    1. Radiografia de tórax: exame com uso de raios-X para avaliar o pulmão.
    2. Ultrassonografia de abdômen: exame com uso de feixes sonoros que permite avaliação dos órgãos abdominais, principalmente o fígado.
    3. Tomografia computadorizada: exame com uso de raios-X (com ou sem contraste) que podem ser usados para avaliar o tórax, o abdômen e o cérebro. As imagens são mais sensíveis que a radiografia ou o ultrassom e, de modo geral, é o exame preferencial para avaliar estes órgãos. Mas, vale ressaltar que não existem pesquisas que demonstrem que as pacientes que façam tomografia apresentem maiores chances de cura, portanto, o uso de radiografia e ultrassom é aceitável.
    4. Ressonância magnética: exame com uso de feixes sonoros que pode ser usado em todo o corpo (com ou sem contraste). Trata-se de um exame mais trabalhoso, geralmente usado como complemento da tomografia em casos de dúvida.
    5. Cintilografia óssea: exame que utiliza um contraste radioativo, que se liga aos locais dos ossos com maior proliferação celular. O exame é bastante sensível (consegue detectar as lesões metastáticas), porém é pouco específico (pode confundir com lesões não cancerígenas, tais como traumas ou inflamações ósseas).
    6. PET-CT ou PET (tomografia com emissão de positrons): este exame é uma combinação de tomografia de todo o corpo, associado ao uso de contraste radioativo, que se liga aos locais do corpo com maior proliferação celular (ossos, órgãos abdominais e torácicos). Este exame não consegue avaliar o cérebro e, assim como a cintilografia, pode se confundir em áreas com inflamações. A PET-CT é um dos exames preferidos, tanto pela sensibilidade quando pela conveniência (permite análise dos órgãos importantes com apenas um exame). Porém, o exame não faz parte da cobertura obrigatória do SUS ou planos de saúde, o que pode dificultar a sua realização. Novamente, vale ressaltar que não existem pesquisas que demonstrem maiores taxas de cura em quem faz PET-CT, portanto, este exame não é indispensável para o tratamento adequado.
    7. Biópsias: exames feito por agulhas grossas (espessura da carga de caneta esferográfica) e dirigidas por exame de imagem. Serve para confirmar a presença de metástase e, para determinar o tipo e as características biológicas das lesões.

    Existe um ponto que é importante ficar claro para as pacientes que já tiveram câncer de mama: NÃO EXISTE INDICAÇÃO DE PESQUISA DE METÁSTASES APÓS O CÂNCER DE MAMA.

    A pesquisa de metástases só deve ser feita no início do tratamento do câncer de mama, para avaliar a extensão da doença e definir qual a melhor forma de tratamento.

    Este conceito choca-se com o pensamento clássico sobre o câncer que diz que quanto antes descoberto melhor. Isso vale para os casos de câncer na mama, quando a doença ainda é curável e quanto menor a doença, menor será a chance de metástases e maior será a chance de cura. Mas, vale lembrar que o câncer de mama metastático é incurável e o controle da doença depende da resposta aos tratamentos. Neste caso, o tamanho da metástase ao diagnóstico não altera as chances de controle do câncer. Sendo assim, a maioria das recomendações internacionais para o câncer de mama orienta que não sejam feitos exames em mulheres sem sintomas. Obviamente, isso pode ser individualizado, de acordo com cada paciente.

    Como tratar o câncer de mama metastático?

    Como dito anteriormente, o tratamento busca o controle da doença e não a sua cura. O tratamento neste caso é denominado “paliativo”. Isso não significa cuidados terminais, como muitos pensam de maneira errada. O conceito de tratamento paliativo neste caso significa uma terapia que busque o controle da doença, com prolongamento da vida e tratamento dos sintomas.

    A cirurgia mamária geralmente não é indicada em câncer de mama metastático. Afinal, se a doença está em outros locais além da mama, o tratamento cirúrgico da mesma não vai alterar as chances de cura e pode causar desconfortos e riscos desnecessários. Existem algumas pesquisas sobre o benefício da cirurgia mamária em mulheres com câncer no estádio clínico IV, porém os resultados são controversos e a maioria dos estudos não demonstrou benefício.

    De modo geral, a cirurgia mamária está reservada para situações especiais, tais como tumor ulcerado (com feridas) ou necrosado. A cirurgia também é chamada de mastectomia “higiênica” ou “paliativa”. Casos fora desta situação podem ser submetidos a cirurgia em situações excepcionais e discutidas de maneira individualizada.

    O principal tratamento do câncer de mama metastático é o medicamentoso. Felizmente, hoje existem muitas opções de drogas, muito além da quimioterapia. O tipo de medicação depende do tipo de tumor e existem incontáveis combinações diferentes de tratamento. As mais comuns são os bloqueadores hormonais (terapia endócrina), medicações anti-Her-2, inibidores da CDK, imunoterapia e quimioterapia.

    O tratamento visa o controle (remissão) da doença, portanto normalmente utiliza-se o mínimo de medicação ou dose necessária para que isto aconteça. Uma vez controlada a doença, a manutenção é feita com doses mínimas ou até nenhuma dose de medicação, associado a monitoramento constante. Isto é diferente do câncer de mama inicial que usa uma dose alta de medicação no tratamento adjuvante (complementar), visando tentar curar (erradicar) todas as possíveis células tumorais no organismo. Aqui, a palavra-chave é remissão duradoura com o máximo de qualidade de vida.

     A radioterapia e cirurgias podem ser usadas para controle de focos de metástase que estejam causando sintomas. A radioterapia é bastante utilizada para controle de metástases ósseas e cerebrais. A cirurgia é reservada para alguns casos de metástase cerebral ou pequenos procedimentos no fígado ou pulmão para alívio dos sintomas.

    Em resumo, o câncer de mama metastático é grave, mas não é sinônimo de morte ou sofrimento. Atualmente, existem muitas opções de medicamentos que permitem o controle da doença por longos períodos, sem sintomas. Além disso, o futuro é bastante promissor e novas medicações devem melhorar ainda mais, tornando esta doença algo crônico, mas que se pode conviver durante toda a vida.


    Autores:

    Portal Câncer de Mama Brasil

    Dr. Eduardo Millen • Rio de Janeiro/RJ – CRM-RJ: 5263960-5
    Dr. Felipe Zerwes • Porto Alegre/RS – CRM-RS: 19.262
    Dr. Francisco Pimentel Cavalcante • Fortaleza/CE – CRM-CE: 7.765
    Dr. Guilherme Novita • São Paulo/SP – CRM-SP: 97.408
    Dr. Hélio Rubens de Oliveira Filho • Curitiba/PR – CRM-PR: 20.748
    Dr. João Henrique Penna Reis • Belo Horizonte/MG – CRM-MG: 24.791

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