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    Confira o segundo texto sobre estudos relevantes apresentados no maior evento científico mundial que acontece anualmente na cidade de San Antonio, no Texas (EUA): o San Antonio Breast Cancer Symposium. Médicos do portal cancerdemamabrasil.com.br estiveram lá e apresentam aqui, em quatro partes, os pontos importantes. Abaixo, estudos sobre terapia endócrina ou hormonioterapia.

    The N-SAS BC 05 (AERAS) Trial

    Este estudo prospectivo randomizado multicêntrico japonês avaliou o papel do inibidor de aromatase (IA) anastrozol por 10 anos na pós-menopausa. A terapia endócrina é o tratamento de escolha em tumores que expressam receptores hormonais para diminuir recorrência, sendo que metade destas ocorrem após cinco anos. Estudos recentes mostraram resultados contraditórios da hormonioterapia estendida com IA: em alguns, não houve redução significativa da recorrência, enquanto que em outros o benefício foi modesto. O estudo apresentado em San Antonio incluiu mulheres que receberam IA por cerca de cinco anos para parar o tratamento ou contar com terapia adicional com anastrozol por mais cinco anos entre 2007 e 2012 (o uso de tamoxifeno seguido de anastrozol nos primeiros cinco anos foi permitido em 9% dos casos). Cerca de 80% dos casos tinham axila negativa. Após cinco anos de follow-up,  o estudo foi positivo, melhorando a sobrevida livre de doença (SLD), que foi de 91,9% no grupo experimental, comparado a 84,4% no grupo controle (placebo), com um HR de 0.54 (p=0.0004), bem como a sobrevida livre de metástase a distância, sendo 97,2% e 94,3% nos grupos do anastrozol e placebo respectivamente (HR=0.51; p=0.0077). Não foram observadas diferenças na sobrevida global. Os eventos adversos manejáveis dos IA foram mais observados no grupo que continuou o tratamento.

    Metanálise de estudos de hormonioterapia estendida com IA

    Este trabalho é uma metanálise de 11 estudos randomizados que avaliaram IA estendido versus placebo em 22.192 pacientes com receptores hormonais presentes. Alguns deles demonstraram, isoladamente, benefício modesto ou sem diferença significante da continuação da terapia endócrina com IA. Nesta metanálise apresentada em San Antonio, antes da randomização nos trials incluídos, a maioria das pacientes utilizou inicialmente tamoxifeno (TAM) e anastrozol (n=12.600), enquanto 7.500 mulheres usaram TAM isolado de início (n=7.500) e 4.800 apenas IA prévio. O estudo AERAS não foi incluído nesta análise, pois foi apresentado durante o simpósio. Quando foi utilizado exclusivamente TAM prévio, houve diminuição de recorrência em torno de 35%, enquanto mulheres que tiveram exposição inicial de IA (com ou sem tamoxifeno prévio) tiveram redução de eventos em torno de 20%. O efeito foi mais precoce em mulheres com TAM isolado inicial, mas não até o terceiro ano com IA prévio. O benefício da proteção com IA pareceu maior em pacientes com axila positiva (RR=0.74; 0.64-0.85), especialmente quando quatro ou mais linfonodos eram positivos (RR=0.71;0.56-0.89) comparado à axila negativa (RR=0.82; 0.71-0.95). Quando avaliado por sítio de recorrência, a predominância foi da mama contralateral (0.61; 0.47-0.78), seguido da recidiva local (0.74;0.57-0.96) e da metástase a distância (0.84;0.72-0.97). A fratura óssea foi avaliada, sendo maior taxa no grupo experimental, com um aumento em torno de 24% (RR=1.24;1.10-1.39).

    Estudo TAM01

    Racional prévio demonstrava benefício de TAM na dose de 10mg em dias alternados para pacientes com CDIS com mais de 50 anos. Este estudo apresentado no simpósio é um trial prospectivo Italiano que avaliou a possibilidade do uso do TAM em dose inferior (5mg/dia) com duração menor (três anos) em pacientes com neoplasia intraepitelial (CDIS, hiperplasia atípica ou CLIS). O TAM foi comparado ao placebo, sendo necessário pelo menos dois anos de seguimento. A maioria das pacientes estava na menopausa (cerca de 55%), a média de idade foi de 54 anos, com IMC médio de 25%, e a indicação da quimioprevenção foi devido a CDIS, Hiperplasia atípica e CLIS em cerca de 70%, 20% e 10% respectivamente. A radioterapia foi utilizada em 43% de todos os casos, portanto muitas mulheres com CDIS receberam apenas cirurgia, sendo esta conservadora em mais de 80% das pacientes. Os resultados evidenciaram redução significativa de todos os eventos (HR=0.48;0.26-0.92), sendo mais evidente na mama contralateral com redução de cerca de 76% (HR=0.24;0.07-0.87). O número de eventos adversos graves como câncer de endométrio e fenômenos tromboembólicos (TVP) foram baixos (um de cada no grupo TAM): uma estimativa de 2.7 casos de câncer endometrial e 2.4% de TVP era esperado baseado nos resultados do NSABP-P1, portanto teoricamente reduzido neste estudo apresentado em San Antonio.

    Autores:
    Portal Câncer de Mama Brasil

    Dr. Eduardo Millen • Rio de Janeiro/RJ – CRM-RJ: 5263960-5
    Dr. Felipe Zerwes • Porto Alegre/RS – CRM-RS: 19.262
    Dr. Francisco Pimentel Cavalcante • Fortaleza/CE – CRM-CE: 7.765
    Dr. Guilherme Novita • São Paulo/SP – CRM-SP: 97.408
    Dr. Hélio Rubens de Oliveira Filho • Curitiba/PR – CRM-PR: 20.748
    Dr. João Henrique Penna Reis • Belo Horizonte/MG – CRM-MG: 24.791

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