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    Em exames anuais, de rotina, fui diagnosticada com câncer de mama em 18/07/2019. Fui sozinha ao mastologista, despretensiosa, com US de mama, mamografia, ressonância debaixo do braço. Era uma quinta-feira. Dia de sair e comer caranguejo. Havia combinado com o marido e amigos ir a um restaurante para a despedida de um casal que moraria fora. Ao entrar no consultório do mastologista, aguardei ele analisar os exames.

    E depois ouvi: as explicações, o diagnóstico, os prognósticos, os tratamentos possíveis e as decisões que deveriam ser tomadas. Sai de lá e fui me encontrar com os amigos. Ao sentar meu marido perguntou:

    “Foi ao médico?”

    “Sim.”

    “E ai?”

    “O bicho é do mal. É do lado negro da força”. “É o Hulk”.

    Entre os exames complementares, biópsia, consulta com oncologista, com enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, passaram-se 25 dias. Iniciei a primeira quimioterapia no dia 13/08/2019. Nesse ínterim já sabia o diagnóstico (neoplasia maligna triplo negativo), o tratamento a que iria me submeter, as possibilidades de cura, a cirurgia, os possíveis efeitos colaterais. Foram 16 sessões de quimioterapia. Todas as terças-feiras, à tarde durante 5 meses.

    Culpas e condições não fizeram parte das minhas preocupações. Segurei firme na mão da família, dos amigos e segui adiante. Sorria para o marido (encontrava-se apavorado) e dava mais um passo. Continuei com minha rotina, meu trabalho. Inclui academia no dia a dia, alimentação saudável, seguindo conselho dos médicos e enfermeiras.

    Passou-se rápido. Ano novo, festa, viagem, banho de mar. Tudo como planejado.

    Em 15/01/2020 fiz a cirurgia da mastectomia bilateral com a inclusão de prótese de silicone. Trinta dias de “resguardo” (na verdade foram 15 dias… mas meu médico não sabe!) Em Março tive alta.

    Dizem-me para fazer terapia porque “ninguém passa incólume” por um tratamento desses. Ainda estou bem resolvida com as cicatrizes, com o silicone e com os cabelos curtos.

    Perguntam-me o que aprendi com o câncer. Sempre respondo que, não só o câncer, mas todas as adversidades da vida ensinam a ter fé: nos médicos, no conhecimento, nos amigos, na família, na sua força e coragem. Acreditar que a cura se inicia quando se aceita o diagnóstico e o tratamento.

    Aprendi que os momentos ruins passam tão rápidos quanto os bons. Não supervalorizar a dor. Os que estão pertos nem sempre são os mais fraternos ou estarão ao teu lado. Os que estão longe podem ser os que mais te surpreendam. Que não necessito de tantos sapatos. Eles se estragam, mesmo não os usando. Cabelos caem, mas você continua sendo a mesma. Colocar a cara na janela da vida sem medo, sem cabelo, sem cílios, com peruca, com laço ou chapéu… alguns vão te olhar surpresos, com medo ou curiosos.

    Aprendi a me preparar para a vida, para o que for. A fazer seguro para usufruir. Fazer as sobrancelhas, as unhas; furar as orelhas não só para sair. Aprendi que as pessoas te decepcionam e que os abraços sinceros me deixam sem ar e sem graça. Aprendi a recebê-los com carinho e emoção.

    Aprendi que a maquiagem melhora a aparência. Nunca o humor e o desânimo. A fadiga pode te derrubar. Levantar no outro dia, lavar o rosto e seguir em frente. Juntar as forças e ir para a academia, mesmo que seja só para “passar o tempo”.

    Agora os desafios continuam. Novas perguntas. Novas realidades. Não há mágica após a meia-noite. Receber a vida de braços abertos, aceitando, lutando pelo que estiver ao seu alcance e reconhecer o que não se pode mudar.

    ”O que não tem remédio, remediado está.”

    Portal Câncer de Mama Brasil

    Dr. Eduardo Millen • Rio de Janeiro/RJ – CRM-RJ: 5263960-5
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